quinta-feira, 2 de junho de 2011

A verdadeira felicidade!


São Francisco e sua fama de santidade que granjeou em vida e perdura até os dias de hoje não decorreu de grandes manifestações de erudição religiosa, que jamais fez questão de possuir, e tampouco de seus milagres, que não obstante foram muitos e impressionantes, mas do seu exemplo de uma vida de completa dedicação ao próximo, dedicação que era animada por uma compreensão profunda, uma sinceridade espontânea, uma simplicidade autêntica em todas as coisas, qualidades banhadas de uma calorosa fraternidade, simpatia e caridade.

A alegria de São Francisco quando adjetivada de franciscana, ela forma um todo e evoca a alegria na sua pureza mais lídima e na sua expressão mais concreta. A convicção profunda de ser amado por Deus, a clareza de que tudo quanto fora criado dentro da beleza o fora para ele, a fraternização que conseguira estabelecer com todos os seres da natureza fazia-o cantar de alegria. Com freqüência, era visto empunhando um galho que arranjava à moda de violino e à moda de arco manejava um outro galho, como um violinista embevecido a produzir cascatas de notas que se evolavam pelo azul do céu. Como aprendera o francês de sua mãe e, com a língua, as canções da Provence, quando o júbilo o inundava, punha-se a cantar em francês os louvores de Deus.

Tomás de Celano(Frade Católico Medieval da Ordem dos Franciscanos, poeta e escritor) exprimiu muito bem este arrebatamento: “A suavíssima melodia de seu coração exprimia-se externamente em palavras que ele cantava em francês, e o que Deus lhe murmurava furtivamente ao ouvido extravasava em alegres cânticos franceses. Às vezes, pegava um pedaço de pau no chão, como vi com meus olhos, punha-o sobre o braço esquerdo, segurava na direita um arco de arame, passava-o no pedaço de pau como se fosse um violino e, fazendo os gestos correspondentes, cantava ao Senhor em francês. Freqüentemente, esta festa toda acabava em lágrimas, e o júbilo se dissolvia na compaixão para com a paixão de Cristo. Então, começava a suspirar sem parar, dobrava os gemidos, e logo, esquecido do que tinha nas mãos, era arrebatado ao céu”

A felicidade para São Francisco pode ser resumida ao seguinte diálogo com Frei Leão:

Francisco de Assis inicia o diálogo:
“- Frei Leão, escreve qual é a verdadeira felicidade.
- Estou te ouvindo, paizinho.
- Se todos os frades menores alcançassem a santidade, e dessem exemplos de trabalho e dedicação ao próximo, sabe, ovelhinha, ainda assim não teriam alcançado a verdadeira felicidade.
E continuou o santo Francisco de Assis:
- Frei Leão, mesmo que os frades menores fossem capazes de realizar os mais maravilhosos milagres em nome de Deus, curando leprosos, ressuscitando mortos, ainda assim não teriam alcançado a verdadeira felicidade.
Frei Leão continuava um atento ouvinte enquanto Francisco continuava  seus ensinamentos:
- Sabe Frei Leão, se os frades menores soubessem falar a língua dos anjos, e conhecessem toda a ciência, e toda a Escritura, ainda assim não teriam alcançado a verdadeira felicidade.
Frei Leão continha a sua curiosidade enquanto o pobrezinho de Assis continuava:
- Se os frades menores pregassem de forma tão maravilhosa que todos se convertessem ao Cristo de Deus, ainda assim não teriam alcançado a verdadeira felicidade.
Sem conseguir mais conter a sua curiosidade Frei Leão implora:
- Pai, por favor me diga onde se encontra a verdadeira felicidade?
Olhando para o alto como em um silencioso diálogo com o Pai, Francisco de Assis ensina:
- Frei Leão, imagine que eu chegue a Santa Maria dos Anjos, tarde da noite, todo sujo, molhado, com fome e sede, com os pés feridos, bato à porta e alguém pergunta: ‘Quem és’ e eu me identifico: ‘Irmão Francisco’. Ao que ele me responde: ‘Isso não é hora de nos incomodar, não vamos deixá-lo entrar’. E continuando a bater, ele sai e me afasta dali com agressões e gritaria: ‘Vai-te daqui, pára de nos incomodar seu vagabundo imprestável, não te queremos entre nós’. E se eu suportar tudo isso com paciência e amor, oh! Frei Leão, jamais se esqueça, aí se encontra a verdadeira felicidade.
Frei Leão encontrava-se profundamente emocionado e absorto em seus pensamentos enquanto Francisco continuava:
- Se após tudo isso, retorno tomado pelo cansaço, pelo frio, pela fome e pela sede e implorando insisto: ‘Meus irmãos, pelo amor de Deus, deixem-me ficar por esta noite’. E ele impiedosamente me agride sem piedade, se tudo isso suporto com paciência e bondade, escreve, Frei Leão, é aí que se encontra a verdadeira felicidade
Com simplicidade e beleza poética, Francisco de Assis esclarece a humanidade em seu diálogo com Frei Leão, que o homem verdadeiramente livre e feliz é aquele que sabe encontrar a serenidade e a paz diante do sofrimento.”

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